A luta continua na <i>TNC </i>
Depois de mais uma semana de luta sem descanso, que incluiu um protesto na TNC2, os trabalhadores da TNC conseguiram, ontem, que se realizasse uma reunião entre as partes no Ministério da Economia.
A vigília à porta da TNC mantém-se, dia e noite, desde 14 de Julho
Os trabalhadores da Transportadora Nacional de Camionagem (TNC), em luta pelos postos de trabalho e a viabilização da empresa iniciaram, anteontem, um bloqueio com camiões à entrada das instalações da credora TNC2, para pressionarem no sentido da retirada de um requerimento desta, que pretende liquidar a TNC. O endurecimento da luta foi decidido na noite anterior, num plenário após uma reunião, em Lisboa, no Ministério da Economia e Emprego, onde a delegação sindical não obteve quaisquer garantias de intervenção do Governo para resolver a situação, numa empresa cujo processo de insolvência se iniciou a 5 de Janeiro de 2010.
À saída da reunião, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/CGTP-IN), Fernando Fidalgo, revelou que o Governo, perante o apelo à sua intervenção em defesa de uma empresa com uma boa carteira de encomendas, a quem não faltam clientes e onde nunca faltou trabalho, argumentou que o caso estava nos tribunais e, por isso, não podia intervir, mesmo depois de confrontado com a proposta sindical de anulação da intenção de liquidação e de marcação de nova assembleia de credores, pelo Tribunal do Comércio de Lisboa, para permitir a apresentação de propostas que viabilizem a empresa e salvaguardem os 126 postos de trabalho.
Os trabalhadores permanecem em vigília, à porta da empresa, desde 14 de Julho, e realizaram concentrações e deslocações a Lisboa para apelar à intervenção do Governo e à celeridade da Justiça.
No dia 10, o BES, principal credor da TNC, apresentou no tribunal um requerimento onde solicita a anulação da decisão de liquidação.
No dia 18, com três dezenas de camiões, os trabalhadores e o sindicato deslocaram-se ao Campus da Justiça, em Lisboa, para exigirem o despacho judicial que permitiria convocar nova assembleia de credores e, aí, aprovar um plano de viabilização. A urgência foi salientada pelo facto de a empresa estar encerrada desde 14 de Julho, situação que não poderá arrastar-se, sob pena de impedir, assim, qualquer possibilidade de recuperação.
No dia 22, os trabalhadores realizaram uma concentração, desta vez no Largo de Camões, junto ao Ministério da Economia.
A luta moveu montanhas
Com o bloqueio à TNC2, que a administração tentou romper solicitando intervenção policial (o que até à hora de fecho desta edição não aconteceu), os trabalhadores conseguiram forçar o diálogo e a negociação. Numa reunião de urgência, na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, na noite do mesmo dia em que se iniciou o bloqueio, os responsáveis da TNC2 manifestaram disponibilidade para analisar o plano de viabilização da empresa que passará pelo pagamento de uma dívida que, segundo o IAPMEI, está avaliada em pouco mais de 13 milhões de euros, sendo de 2,9 milhões o montante devido à TNC2.
Os patrões das duas empresas em litígio são os irmãos José Augusto e Luzia Leal.
Trabalhadores e sindicato garantem que prosseguirão com o bloqueio na TNC2 e a vigília na TNC até que o problema se resolva, com a viabilização da empresa e da salvaguarda dos postos de trabalho.